quarta-feira, novembro 28, 2012

Nem Abrão nem Maomé




Moisés Abrindo o Mar Vermelho, 


A RosKosmos, Agência Espacial da Rússia, divulgou nesta sexta-feira as primeiras imagens capturadas pelo telescópio espacial Elektro-A que faz parte do projeto Восходящее зрения (Visões Ancestrais). Duas mil vezes mais poderoso do que o Hubble da NASA, esse telescópio está instalado em uma misteriosa sonda espacial, conhecida no ocidente como PH-1, que foi lançada sigilosamente pela URSS em meados dos anos 60, no auge da Guerra Fria. Após o lançamento, a sonda desapareceu rapidamente do Sistema Solar, no que pensou-se à época haver sido um erro de cálculo na trajetória de vôo.
Agora, os técnicos da NASA refazem freneticamente seus cálculos e especulam que essa sonda talvez estivesse equipada com propulsores baseados em foguetes subatômicos de indução fotônica Khamev Alfa. Com rendimento centenas vezes superior aos dos foquetes tradicionais usados no Ocidente, o desenvolvimento dos Khamev foi um dos maiores trunfos da tecnologia espacial soviética, até serem oficialmente proibidos pelo tratado de desarmamento nuclear SALT I – assinado em 1972 entre os EUA e o regime comunista da antiga URSS – após dois grave acidentes nucleares que quase destruiram as instalações do Cosmódromo de Baikonur no final da década de 1960 (esses acidentes sempre foram oficialmente negados pelas autoridades soviéticas).

Agora a RosKosmos informa ao mundo que essa sonda, dada como desaparecida em 1967, na realidade dirige-se em altíssima velocidade rumo à distante estrela Kepler 64, e que já cumpriu mais da metade do caminho. Viajando no espaço interestelar, quando chegou a cerca de mil anos-luz da Terra, seu potente telescópio foi ativado e direcionado para o pálido ponto azul que é o nosso planeta visto do espaço. E as imagens que ela captura são um desses milagres que só a tecnologia de ponta consegue proporcionar.

Como a luz do Sol refletida na Terra demora milhares de anos para chegar ao ponto do espaço onde está o Elektro-A, as câmeras de alta resolução capturam imagens do passado do nosso planeta, como se fosse uma versão ancestral do conhecido Google Earth. Munidos de informações históricas detalhadas e da precisa localização geográfica de cada evento, os cientistas russos estão fotografando os principais acontecimentos históricos da trajetória da humanidade. As poucas imagens liberadas até o momento pela Academia de Ciências de Moscou nos dão uma amostra da revolução que se anuncia com a divulgação das imagens que poderam confirmar ou negar grandes eventos na historia da humanidade.

A ONU realizara uma reunião extraordinaria para negociar com a Rússia a abrir estes arquivos e o controle do telescópio, "estas imagens dizem respeito a historia de toda humanidade e não podem ser apenas de uma nação, achamos que é um direito de todos ter acesso a sua historia", diz o responsavel pelo setor de observação espacial da ONU, o egípcio Zaid Azeneth. Enquando as polemicas surgem ficamos na espera de mais imagens maravilhosas.


Fonte: Revista Veja, Ciência e Aluguel, anoXXII.


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